- O que é um cordel?
Segundo o Francês Raimond Cantel um grande pesquisador francês que possuía mais de 15 mil folhetos de cordéis de diferentes países o cordel quer dizer: “poesia narrativa popular impressa”. Mas acredito que a definição vai além dessa dada pelo francês, uma vez que você pode escrever uns versos cantar para alguém e não publicar ou mesmo postar na internet.
- Qual a origem do cordel?
Pelo o que eu sei ele tem origem européia. Existem relatos que o cordel nasceu na Alemanha, Inglaterra e depois se espalhou pela península Ibérica: Portugal e Espanha, através dos nossos colonizadores o cordel chegou no Brasil.
- Como se cria um cordel?
Primeiro de tudo você precisa de um tema para trabalhar os versos, depois obdecer as três regras básicas que constitui um cordel: Métrica, rima e oração
- Como se confeccionava um cordel no passado? E o que mudou com a tecnologia?
Antigamente era produzido em máquinas tipográficas e ilustradas com figuras e xilogravuras. Hoje está mais moderno com as máquinas offsets e máquinas de Xerox, se cria uma arte e a mesma serve para ilustrar o tanto de capas que se desejar.
- Quais os principais cordelistas da atualidade?
Gonçalo Ferreira da Silva (presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel), Manoel Monteiro, Arievaldo Viana, Klevisson Viana, Rouxinol do Rinaré, Azulão...
- Que obra você destacaria como a mais importante?
Pense numa pergunta difícil, mas destaco uma que foi escrita em 1904 e ainda hoje é bastante lida e comercializada: Pavão Misterioso de José Camelo de Melo Resende
- Quais temas podem ser abordados em um cordel?
O cordel aborda todos os temas possíveis, qualquer assunto possível é tema para a confecção de cordel. Futebol, amor, política, religião...
- Quais os tipos de cordel?
Existem mais de 30 modalidades ou forma de escrever um cordel, mas as mias usadas são: Sextilha, setilha, oitavas, quadras e décimas.
Sextilhas – estrofes de seis versos
As gotas da inspiração
Vêm duma nuvem saudosa
Que paira sobre o poeta
Perfuma a rima com rosa
Depois espalha o odor
No final de cada glosa.
Léo Medeiros
Sobral, 12 de agosto de 2007.
Vêm duma nuvem saudosa
Que paira sobre o poeta
Perfuma a rima com rosa
Depois espalha o odor
No final de cada glosa.
Léo Medeiros
Sobral, 12 de agosto de 2007.
Setilha - estrofes de sete versos
Ontônia de Carabina
Ô peste linda do cão
Os zoiá dessa minina
Parte quarqué coração
Parece inté o luá
Quilariano um pumá
Em noite de escuridão.
Ô peste linda do cão
Os zoiá dessa minina
Parte quarqué coração
Parece inté o luá
Quilariano um pumá
Em noite de escuridão.
Léo Medeiros
Quadras – estrofes de quatro versos
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Gonçalves Dias
Décima - estrofes de dez versos
Passeando na campina
Verdejante do inverno
Vi o sol trocar o terno
Vestindo a negra cortina;
Uma ave de rapina
Rainha do “alvoredo”
Lamentava num rochedo
A falta de claridade
Chora a noite com saudade
Do sol que dormiu mais cedo.
Glosa: Léo Medeiros
Sobral, 13/02/2008.
Verdejante do inverno
Vi o sol trocar o terno
Vestindo a negra cortina;
Uma ave de rapina
Rainha do “alvoredo”
Lamentava num rochedo
A falta de claridade
Chora a noite com saudade
Do sol que dormiu mais cedo.
Glosa: Léo Medeiros
Sobral, 13/02/2008.
- Há quanto tempo você trabalha no cordelismo?
Escrevo cordel desde os 8 anos de idade, desde o quinto ano no colégio, eu já apresentava trabalhos em forma de cordel, mas só vim a publicar meu primeiro trabalho em 2001, o cordel As Gêmeas do Pacujá.
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